O FREGUÊS DAS FAZENDAS

Monday, December 03, 2007

Àguas vizinhas

O Mirante
SECÇÃO: Sociedade
Aviso da Câmara Municipal da Chamusca após serem conhecidos problemas em nove concelhos
População da Parreira aconselhada a não beber água da rede devido a excesso de arsénio.
Há nove concelhos do Distrito de Santarém onde foram detectadas quantidades de arsénio na água, superiores aos limites legais.
Na Parreira, Chamusca, a população foi aconselhada a não usar água da rede.
Em Alpiarça não foi feito qualquer alerta mas tem vindo a ser detectado arsénio em excesso desde 2004.
A Câmara da Chamusca aconselha a população da freguesia da Parreira para não consumir água da rede devido aos valores excessivos de arsénio. Numa análise efectuada este mês de Novembro foram detectados na água da rede 22 microgramas deste tóxico por litro de água, quando o limite máximo permitido pela legislação é de 10 microgramas.
A interdição de utilização da água para beber e cozinhar, anunciada quarta-feira, dia 28, vai manter-se até o município receber os resultados de uma contra-análise.
Entretanto a autarquia está a estudar soluções para resolver o problema que passam no imediato, segundo o vereador Francisco Matias, pela diluição da água de Parreira com outra que não apresente arsénio. Mas se a situação se mantiver a abertura de novos furos noutras zonas pode ser equacionada.
No distrito de Santarém foram encontrados níveis de arsénio superiores aos 10 microgramas permitidos por lei em 16 zonas de abastecimento, distribuídas por nove concelhos. O da Chamusca é o que tem mais localidades afectadas: Vale de Cavalos, Chamusca e Parreira num total de 5.792 munícipes abrangidos pelos sistemas de abastecimento.
O presidente da câmara, Sérgio Carrinho (CDU), diz estar atento ao problema e revela que o município está a fazer análises nos furos em causa e na rede para se apurar se o arsénio aparece na fonte ou se tem a ver com algum factor relacionado com a canalização. E promete resultados já em Dezembro, mas desde já vai dizendo que a situação em princípio implica a mudança dos furos para outras zonas.
Alpiarça é um dos concelhos onde o problema persiste desde 2004. Na área da vila, nesse ano, as quatro análises feitas estavam todas em violação do valor máximo permitido, atingindo entre 11,3 e 22,3 microgramas por litro de água. No Casalinho o arsénio encontrado por litro de água foi de 19 microgramas. E no lugar de Frade de Baixo as duas análises realizadas indicavam respectivamente 12,6 e 14,9 mg/l. Já neste ano de 2007 os níveis voltaram a disparar, tendo-se registado nas mesmas zonas valores que oscilam entre os 11 e os 14 microgramas por litro.
O vereador da Câmara de Alpiarça, José Carlos Ferreirinha (PS), diz que já se está a trabalhar em soluções. Uma delas passa pela instalação de sistemas de retenção deste tóxico. Num furo que ainda não está em funcionamento já foi feita uma análise que deu 12 microgramas de arsénio. Por isso o município vai fazer um ensaio em Janeiro de modo a apurar se a situação tem a ver com alguma camada geológica e o objectivo é tentar isolá-la para evitar a contaminação da água. José Carlos Ferreirinha esclarece que esta situação agudizou-se a partir do final de 2003 quando uma directiva comunitária determinou uma redução do limite máximo de 50 para 10 microgramas por razões de saúde pública.
A maior parte dos municípios afectados situa-se a sul do distrito, como é o caso de Coruche (localidades de Couço e Courelinhas), Salvaterra de Magos (Glória do Ribatejo), Benavente (Porto Alto) e Rio Maior (Rio Maior e Vivenda). A norte registaram-se incumprimentos em Mação (Vales e Queixoperra), Ourém (Fátima e Caridade) e Abrantes (S. Miguel do Rio Torto).
Segundo o Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) “o arsénio é um elemento que, quando surge na água, é em geral devido às características hidrogeológicas dos solos, ou seja, tem uma causa natural”.
Por: António Palmeiro